segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Orgulho

Lázaro não esperava por isso. Acreditava que seus "poderes" eram inofensivos. Mas viu a armadilha em que caiu. Sentiu-se desorientado, pois não sabia o que fazer. Não sabia se parava com tudo, se largava esse mundo de sonhos ou se o desvendava de vez por todas. Como um crédulo, resolveu então ir ao único lugar em que poderia ter uma resposta: o Jardim do Velho.

Encontrou-o sentado num banco rústico e largo de madeira. O velho oráculo estava lendo calmamente um jornal enquanto fumava seu cachimbo. Como uma criança que se machucou num brinquedo, o jovem Lázarao se lamuriou ao Velho, contando tudo o que acontecera. Este respondeu arregalando os olhos cheios de rugas:
- Meu filho, você foi orgulhoso. A húbris tomou conta de você. A realidade não pode ser tão transformada sem que se exija algo em troca. O orgulho e o poder ilimitado cobram preços altos demais para um simples ser humano. E saiba, você é um simples ser humano, apesar de tudo.
- E eu estou condenado a viver sozinho sem poder contar as pessoas sobre toda essa tragédia que vêm dos meus sonhos?
- Mas é claro que não. Há muitos como você. Basta procurar.
- Onde? - perguntou Lázaro.
O velho então abriu o jornal que estava lendo e rasgou lentamente uma página, entregando-a ao jovem. Este começou a ler nela uma nota. Era uma história estranha de um desaparecimento de uma criança chamada Valentina. O principal suspeito era seu próprio pai.
- Devo ir atrás dela? - perguntou Lázaro.
- Veja o que o pai dela diz em seus sonhos. Quem sabe você poderá fazer um bem ao pai e à filha.

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