segunda-feira, 29 de março de 2010

Invictus



Não é fácil fugir da superficialidade do cinema americano. Embora recorra à diversos clichês no roteiro,"Invictus", de Clint Eastwood, tem seus méritos.

A história remonta o mundial de rugby de 1995, na África do Sul, recém saída do terrível regime do Apartheid. Na trama, Nelson Mandela (Morgan Freeman) tenta unir a nação através do rugby, esporte praticado tradicionalmente pelos sul-africanos brancos. Ele encontra uma série de dificuldades, mas, aos poucos, vai conquistando a confiança de brancos e negros.

Na verdade, o grande mérito desse filme é o cenário. Destaque para o cuidado com a utilização das expressões e dos idiomas locais (em xhosa, em afrikaans e até em inglês), além da representação dos diversos cenários do país.

Pode haver uma certa sensação de estranheza ao ver o filme, a qual pode estar relacionada com a própria expressão cultural da África do Sul. Por trás do aparente espírito alegre (divulgado inclusive para a Copa do Mundo de Futebol deste ano), existe um forte rancor entalado na garganta dos sul-africanos negros. A expressão política e a unidade cultural do país não é forte.

Em 2002/2003, quando tive a oportunidade de morar lá, pude ver que esse sentimento de segregação ainda não estava superado. Apesar de ser hoje um país democrático, existem lá pelo menos dois mundos: um dos brancos e um dos negros. Com raras exceções, eles não se misturam. As diferentes etnias (pelo menos 13 grandes) têm dificuldade de se integrar. Enquanto os povos nativos são separados regional e linguisticamente, os brancos - principalmente os boeres (descendentes de alguns povos germânicos do centro da Europa) - são ainda odiados pelos negros. A questão racial lá é tão delicada que transformam em querelas as discussões brasileiras sobre racismo. Pra se ter uma ideia da separação étnica do país, mesmo após duzentos anos de colonização, na virada para o século XXI, apenas 8% da população era mestiça. E lá, os mestiços (ou coloured) são considerados uma etnia a parte.

Segue abaixo trailer do filme.

terça-feira, 23 de março de 2010

Nardoni e as novidades antigas

- Public opinion is no more than this: What people think that other people think.
- Prince Lucifer [a play].: [a Play].‎ - Página 189, de Alfred Austin

A mídia está em transe. O maior crime de todos os tempos está em julgamento: o assassinato de Isabela Nardoni por, supostamente, pai e madrasta. O fato é que a opinião pública JÁ CONDENOU o casal. Na verdade, quem está sob julgamento são os sete jurados: se eles não condenarem o casal Nardoni, serão taxados de cruéis insensíveis cúmplices devoradores de criancinhas. Mas é óbvio que condenarão os réus, afinal, quem teria coragem de ir contra a opinião pública?

segunda-feira, 15 de março de 2010

Paradigmas e paradoxos

"If we don't change, we don't grow. If we don't grow, we are not really living."
- Passages: predictable crises of adult life‎ - Gail Sheehy


Fiquei um bom tempo sem escrever nada aqui. Na verdade até tentei, semanas atrás, postar um comentário sobre a política do governo federal que incentiva o comércio de motos, levando a aumentar as mortes nas estradas, obviamente.

Mas hoje escrevo por motivos diferentes. Estou vivendo uma fase de mudanças: mudança de emprego; de cidade; de círculo de amigos; de perspectivas quanto ao futuro; mudanças na Fórmula 1; e até de tempo. Finalmente o tempo está ficando um pouco mais ameno. Não que não haja mais calor, mas hoje o vento mudou, vem do sul agora.

Quanto às outras mudanças, não sei se vão ser boas. Só sei que são mudanças. Aos poucos vem acontecendo uma grande mudança de paradigma.

Bom, vou tentar preservar as coisas boas antigas e encarar como naturais as coisas novas.